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14 de novembro de 2017

Diagnóstico de doença crónica - não é o fim, é o princípio

Oiço e leio com muita frequência que, ao receber um diagnóstico de doença crónica, o sentimento é de desalento e de resignação. Como se se tratasse de uma sentença de um drama com fim anunciado. Confesso que sempre me fez muita impressão o negativismo e a vitimização. E alguns poderão dizer, "ah e tal, dizes isso porque nunca tiveste dores a sério!"... Really?! Acreditem que não é por não andar pelos cantos a queixar-me da vida e da minha "sorte", que não tenho dores, ou que não sofro.

Os que me conhecem, sabem que recuperei grande parte da minha qualidade de vida (e quando digo grande, refiro-me a mais de 90%). Não estou a vender nada, nem a impingir uma cura milagrosa. Mas todos sabem que, as mudanças para melhor aconteceram depois de eu ter aderido à alimentação paleo (ver aqui). Claro que depois também oiço o "ah, isso comigo não resulta, comigo já não vale a pena!" E a minha resposta é sempre a mesma..."se não quer arriscar a mudar, é porque ainda não bateu lá no fundo dos fundos do poço!"

Para se querer e conseguir mudar, é preciso estar à beira do abismo. Seja em que área for. Tanto pode ser a nível de saúde, adoptando novas abordagens terapêuticas, alimentares, comportamentais. Ou pode ser a nível emocional, decidindo acabar com relações tóxicas ou vazias. Ou até a nível profissional, procurando uma profissão ou ocupação que nos deixe feliz e com a sensação de dever cumprido.



O mesmo acontece perante um diagnóstico de doença crónica, seja ela ou não degenerativa. Temos sempre duas opções:
- A mais fácil, que é a de seguir a via do "coitadinhismo". É muito mais cómodo deixarmo-nos levar pelo que os médicos dizem e deixarmo-nos entupir de medicação que, além de não nos aliviar, com o tempo acaba por nos tirar qualquer centelha de vida. É tão mais fácil encolher os ombros e tomar mais um comprimidinho quando as dores apertam. E quando um não resolve, tomam-se dois...ou três...

- E temos a via mais espinhosa. Que é ser pro-activa na nossa saúde e consequentemente na nossa vida. Ah pois, decidir mudar é fácil. O difícil é QUERER mudar. É preciso lutar contra hábitos enraizados, é preciso sair do conformismo e da apatia a que nos habituamos, mas sobretudo a que nos habituaram a viver.



A chave não está nos outros, está bem dentro de nós. É primordial querer quebrar com o nosso antigo "EU" e abraçar um novo. O diagnóstico de doença crónica, nunca é o fim da linha. É sim uma nova oportunidade que a vida nos dá, para abrirmos os olhos e aprendermos a olhar para ela de forma diferente. 

É a vida a dizer-nos que apesar da doença, e por causa dela, temos o dever de nos valorizarmos cada vez mais. Todos os dias devemos estar gratos por estarmos vivos e fazer de cada dia, um dia único, ou no mínimo dar-mos o nosso melhor para que isso aconteça. 

Parece tão básico, mas já pararam no meio da rua para apreciar uma flor no jardim a caminho de casa? Já tiraram 10 minutos do vosso dia para olharem bem para os vossos filhos e perceberem que à vossa frente têm o vosso verdadeiro amor? Já pensaram que, mesmo com todos os vossos nhanhanhãs, ainda se conseguem mexer e que há tanta gente em lares e hospitais que passam meses sem ver a luz do dia? Que tal tirarem uma tarde por mês para fazer um pouco de voluntariado?

A vida é para ser vivida em pleno e ser sentida sem remorsos. Não há nada mais triste do que chegar a velho e lamentar aquilo que não se fez. Porque se perdeu demasiado tempo com "se's" e mas". A vida é hoje, é agora!

E antes que pensem que estou a falar de boca cheia, acreditem que além da Fibro, tenho Sindroma de Sjogren (já num estado avançado) e artrite reumatóide. Se tenho dores? Tenho! Se me canso? Canso? Se me queixo? Pouco! Não porque queira ser mais forte do que os outros, mas porque escolhi ver o lado bom que a vida me dá. 

Hoje e sempre 💖

9 de novembro de 2017

As piores coisas a dizer a um doente com Fibromialgia

Sabemos bem que, além da dor física, da fadiga e do nevoeiro mental (brainfog), muitos de nós também sofremos com o estigma associado à doença crónica. Felizmente nunca tive razões de queixa nem de familiares nem de amigos, e muito menos de profissionais de saúde, mas a realidade, infelizmente não é bem assim.

Um site pediu aos seus leitores alguns comentários mais odiosos de que são alvo. E alguns comentários doem até à alma. Mas é importante que isso seja partilhado. Ninguém escolhe estar doente, ninguém decidiu que queria ter esta treta de doença. Acreditem que se é para chamar a atenção, há formas muito mais interessantes e menos dolorosas de o fazer.

A ideia deste partilha é precisamente alertar os "outros" para a falta de respeito que muitos de nós sentimos no dia a dia. Já não bastavam todos os sintomas, ainda temos que levar com a ignorância e o azedume dos outros.

"Pessoas com fibromialgia são apenas preguiçosas"

"Dói-me a alma quando me dizem, não tens doença nenhuma, não queres é fazer nada!"

"O meu filho diz-me que sou preguiçosa. Que tudo está na minha cabeça e se não faço as coisas é porque não quero!"

"Todos temos dores. Você precisa é de fazer exercício, você precisa andar. Blá blá blá...."

"Os serviços de proteção infantil tiraram os meus 5 filhos. Nos registos judiciais, juiz, médicos e peritos disseram que eu não tinha doença nenhuma e que era apenas preguiçosa!" 

"O meu marido disse-me que eu era preguiçosa por não conseguir contribuir financeiramente com as despesas da casa, no fim de contas descobri que me andava a trair e a gastar o dinheiro todo fora!"

"Fibromialgia não existe"

Um clássico que todos já ouvimos, e talvez seja o comentário mais odioso que ouvimos. Este é o maior estigma contra pessoas com fibromialgia.

"Eu consultei um médico para uma condição médica diferente. Assim que ele viu que Fibromialgia fazia parte do rol das minhas doenças, fez questão de salientar que Fibromialgia não existe e que os médicos que o afirmam, deveriam ter as suas licenças revogadas!"

"É uma doença horrível. Coloco a minha capa de corajosa 24 horas sobre 7. Ninguém pode ver a nossa dor e sofrimento, por isso questionam se é real ou se estamos apenas a chamar a atenção. É muito mais fácil fingir que estou bem, do que explicar por que não estou."

"Está tudo na sua cabeça"

Isso está intimamente relacionado com o "não existe", mas é uma maneira muito mais explícita de maltratar pessoas portadoras de Fibromialgia.

"Tu não estás doente, está tudo na tua cabeça" ou "não parece que estejas com dor" provoca uma dor maior na alma do que a própria dor física."

"Diziam-me que apenas era preguiçosa, que se me quisesse mesmo levantar e mexer, que o faria. Era tudo da minha cabeça e se encontrasse forma de me ocupar, estaria bem e sem dores."

"Não tens ar de doente"

Por ser uma doença invisível, as pessoas que muitas vezes não "parecem" doentes, e por essa razão, também acaba por ser uma das maiores frustrações de quem sofre de fibro.

"Não pareces nada doente. Se estivesses mesmo doente, não sairias da cama."

"Eu fui a uma junta médica para ser informada que eu não pareço desabilitado e que a fibromialgia é apenas fruto da minha imaginação para enganar os contribuintes."

"Deus está a castigar-te pelos teus pecados"

Essas pessoas levam a culpa ao nível mais desumano, mais ignóbil possível. Como se não bastassem todas as dores e sintomas, ainda têm que lidar com a crueldade de terceiros, pondo até em causa o seu carácter moral.

"O meu tio, que é pastor numa igreja, disse-me que eu estava a ser castigada por Deus por todos os erros que cometi e a minha família acredita no que ele diz."

"A coisa mais rude que me disseram, foi que, Deus estava a castigar-me. Assim como todos os doentes oncológicos estavam a pagar pelos seus pecados."

"Só precisas de te mexer mais e de perder peso."

Isso é semelhante ao "És preguiçosa" e "está tudo na tua cabeça" com o bónus adicional de perda de peso. É desprezível. Aqui está o que os nossos leitores compartilharam:

"Faça exercícios e perca peso e vai sentir-se melhor."

"A senhora parece feliz por ter esse diagnóstico, está apenas á procura de desculpas para não perder peso."

"Um médico uma vez disse-me, Bem, talvez se perdesse peso e se se exercitasse, acabaria por se sentir melhor ... OBRIGADINHA, como se ele não soubesse que os mais de 20 comprimidos que tomo durante o dia me fazem inchar e engordar.!

"Uma médica revirou-me os olhos enquanto me dizia 'oh, eu não acredito nessa porcaria! Se fizesse exercícios e dieta, já se sentiria melhor! Eu também teria dores se passasse o dia todo deitada!" 

"Você precisa se mover e se exercitar". Foi-me dito isso muitas vezes.

"Um membro da família disse-me simplesmente 'tu não precisas de Lyrica. Não estás doente, estás é com excesso de peso!'"

"Só queres atenção!"

"Estava no hospital com dores horríveis, fiz imensos testes e todos estavam normais! ... O médico perguntou ao meu pai, 'a sua filha gosta de estar no hospital?' ... devia pensar que a cortina azul na minha cama era à prova de som."

"Só queres atenção. És mas é hipocondríaca!"

"Eu não consigo falar sobre como me sinto ... recebo sempre os mesmos comentários ... 'estás sempre a dizer que não te sentes bem, ninguém tem dores o tempo todo' ... como se fosse a culpa fosse minha. Cada dia é diferente e pode ser uma luta ... É difícil quando as pessoas à sua volta, não entendem o que sentes, e nem querem saber."

"Não pode ser assim tão grave, ainda agora estavas a rir e conversar!"

*****

Este texto não pretende ser uma dramatização da doença ou do que sente um doente com Fibromialgia ou outra doença crónica invisível. São relatos verídicos de doentes que ouvem este tipo de comentários com demasiada frequência e é preciso acabar com esta falta de respeito.

O facto das pessoas lutarem diariamente para levar e mostrar levar uma vida normal, per si ainda merecem mais respeito, pois ninguém (dos outros) faz uma pequena noção do nosso dia a dia. Ninguém escolheu ficar doente. Ninguém escolheu ser maltratada pelos outros. Ninguém escolheu levantar-se e deitar-se com dores.

Por isso da próxima vez que abrir a boca para criticar seja quem for, pense um pouco pois um dia também pode acordar e a dor que sente, nunca mais desaparecer!

Fonte: aqui

16 de agosto de 2017

Aditivos alimentares - o seu papel na Fibromialgia

Poucas condições de saúde são tão incompreendidas quanto a Fibromialgia. Ao contrário da tendinite ou artrite, em que a fonte da dor geralmente é fácil de entender por ser visível ou palpável, a Fibromialgia continua a ser um pouco misteriosa, assim como os fatores que a causam. Também por essa razão muitas pessoas, infelizmente também ligados à saúde, não reconhecem a Fibro como uma condição de saúde real e bem dolorosa e limitativa.




Embora a causa exacta da Fibromialgia ainda seja uma incógnita, os pesquisadores estão aos poucos a tentar excluir possíveis causas, como traumas físicos e/ou emocionais, distúrbios do sono e até certas doenças. Pesquisas recentes sugeriram que outro factor pode estar a contribuir para a dor na Fibro:  os aditivos alimentares.

Cada vez se ouve mais falar dos aditivos alimentares, da sua importância na nossa alimentação e de como se reflecte na nossa saúde e qualidade de vida. Estes são constantemente colocados nos nossos alimentos para melhorar o sabor, a cor ou outras características superficiais, incluindo aumentar a sua durabilidade. Esses aditivos alimentares, como o Glutamato monossódico ou GMS, entre outros, causam problemas graves que são muito difíceis de detectar nos seus estágios iniciais.

Glutamato monossódico (GMS) - O GMS é um aditivo utilizado para dar melhor sabor aos alimentos. A sua utilização tem sido controversa desde 1960, quando algumas pessoas apresentaram vários sintomas, como dores de cabeça, dor no peito, sudorese e muitos mais após a ingestão desse produto. De acordo com a revista científica Yale, descobriram-se efeitos comprovadamente prejudiciais à saúde. Este aditivo pode ser encontrado nos seguintes alimentos:

- Molhos e condimentos prontos, enlatados ou instantâneos
- Caldos para carnes, aves e peixes
- Alimentos em conserva já cozinhados
- Comidas prontas ‘diet’
- Snacks industrializados como batatas fritas, etc
- Carnes e linguiças curadas e defumadas
- Temperos e especiarias prontos e industrializados
- Comida congelada
- Ketchup
- Proteína vegetal hidrolisada
- Sopas em pó ou enlatadas



Na maioria dos países, o glutamato monossódico é obrigado a aparecer  na lista de ingredientes dos alimentos industrializados. Normalmente estará no final da lista e em quantidades pequenas. Mais sobre o glutamato aqui.

Xarope de milho com alto teor de frutose - Feito a partir do milho geneticamente modificado, este substituto do açúcar é encontrado em quase todos os refrigerantes e diversos doces. Este tipo de açúcar artificial não existe naturalmente e é 20 a 70% mais barato do que o açúcar. No entanto, de acordo com o Global Healing Center, traz grandes riscos como hipertensão, diabetes tipo 2, problemas no fígado e exposição ao mercúrio. Também citou um estudo realizado pela Universidade de Princeton, no qual descobriram que os ratos que consumiram esse xarope ganharam gordura 300% mais rápido do que aqueles que comeram açúcar obtido de frutas in natura.


Gorduras trans - A gordura poli-insaturada existe em alguns alimentos naturais, com em certos peixes – sardinha, salmão e outros – e vegetais – girassol, soja, linhaça e outras -, e é extremamente benéfica para o organismo, devido à sua capacidade de auxiliar inúmeras funções, como a cardíaca, a vascular, a hepática, a ocular, a hormonal e outras. O problema surge quando ela é transformada artificialmente, em escala industrial, através de um processo de hidrogenação, no qual hidrogénio gasoso e níquel são adicionados, resultando num produto final altamente prejudicial, já que prejudica uma série de órgãos e funções, como o fígado, o sistema vascular, o coração, os intestinos e outros. Foi utilizada em escala massiva para a produção de margarina, durante anos, e ainda é utilizada em salgadinhos, bolos, biscoitos, batatas fritas etc. Houve muita polémica durante a mania fat-free, na década de 1980-1990, quando se tentou utilizá-la em alimentos com baixo teor de gordura, como na margarina para substituir a manteiga, porque se supunha que a manteiga e outros alimentos ricos em gorduras saturadas eram os vilões do colesterol elevado. Mas, depois de anos de danos à saúde das pessoas, descobriu-se que a margarina e outros alimentos feitos com gorduras trans foram desastrosos para a saúde, inclusive piorando os níveis de colesterol que se supunha combater através de seu uso.


No corpo a gordura trans reduz o colesterol bom e aumenta o colesterol mau. Ainda assim, a Food and Drug Administration (FDA) permitiu a omissão da rotulagem de gordura trans nas embalagens dos alimentos, quando o produto continha menos de meio grama por porção. Mas em 2015 a FDA tomou medidas: deu um período de 3 anos ao longo do qual as indústrias alimentares terão de reduzir o uso deste tipo de gordura nos produtos. Confirme sempre a lista de ingredientes: caso tenha gordura hidrogenada, escolha outra opção ou, se optar por ingerir o produto, ao menos sabe que está a fazer uma escolha consciente!

Organismos Geneticamente Modificados (OGM) - De acordo com uma grande reportagem feita pela Fox News, os cultivos transgénicos OGM têm-se mantido no mercado desde 1995 e são: milho, soja, algodão e canola, chamados de os “quatro grandes”. A Fox citou uma pesquisa feita sobre o consumo de OGM por diferentes animais, que apresentaram problemas no intestino delgado, nos pulmões, rins e fígado, e inflamação do cólon. São organismos manipulados geneticamente, de modo a favorecer características desejadas, como a cor, tamanho etc. OGMs possuem alteração em trecho(s) do genoma realizadas através da tecnologia do DNA recombinante ou engenharia genética.

Na maior parte das vezes que se fala em Organismos Geneticamente Modificados, estes são organismos transgénicos. OGMs e transgénicos não são sinónimos: todo transgénico é um organismo geneticamente modificado, mas nem todo OGM é um transgénico. Um transgénico é um organismo que possui uma sequência de DNA, ou parte do DNA de outro organismo, pode até ser de uma espécie diferente. Enquanto um OGM é um organismo que foi modificado geneticamente, mas que não recebeu nenhuma região de outro organismo. Por exemplo, uma bactéria pode ser modificada para expressar um gene bem mais vezes. Isso não quer dizer que ela seja uma bactéria transgénica  mas apenas um OGM, já que não foi necessário inserir material externo. Sempre que inserimos um DNA exógeno num organismo esse passa a ser transgénico.
Os riscos associados ao consumo destes OGM verificam-se de forma diversa, consoante o sexo e a dose, sobretudo ao nível do fígado e dos rins, bem como do coração e das glândulas supra-renais. Todas as variedades apresentaram resíduos de pesticidas que estarão presentes na alimentação humana e nas rações animais, colocando em perigo a saúde pública.
Os investigadores apelaram à proibição imediata da importação e cultivo destes OGM e recomendam estudos dos efeitos a longo prazo (até dois anos) e multigeracional em pelo menos três espécies de animais para se chegar a conclusões cientificamente válidas e definitivas sobre o efeito tóxico dos Organismos Geneticamente Modificados. O CRIIGEN denunciou também as agências francesas e europeias de segurança alimentar por terem considerado os produtos em causa como estando livre de riscos, baseados apenas em 90 dias de testes em ratos de laboratório. Os cientistas dizem também que existe um conflito de interesses e incompetência destas instituições para reanalisarem os dados presentes neste estudo, uma vez que já deram parecer favorável com base nos mesmos testes, ignorando os efeitos secundários. O trabalho destes investigadores foi considerado o maior e mais detalhado estudo dos efeitos destas três variedades OGM na saúde dos mamíferos. Mas só foi possível após os governos europeus terem conseguido os dados em bruto dos testes da Monsanto, disponibilizando-os publicamente para o escrutínio da comunidade científica.
Aspartame - É encontrado na maioria dos refrigerantes diet e pastilhas elásticas. É um adoçante artificial usado como substituto do açúcar. Foi criado a partir de um produto químico tóxico e apressadamente aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), talvez porque seja produzido por uma das maiores multinacionais do mundo, a Monsanto. O aspartame foi descoberto acidentalmente em 1966, quando um cientista lambeu os dedos depois de ter tocado acidentalmente num produto químico entornado de uma garrafa. A polémica sobre a aprovação da FDA acontece porque os efeitos tóxicos do aspartame foram reconhecidamente comprovados. De acordo com uma carta escrita à FDA pelo Centro de Informações da Toxicidade do Aspartame, o produto tem vários efeitos colaterais prejudiciais à saúde, afectando o pâncreas, o cérebro, o sangue, causando tumores e até leucemia.
Num estudo feito por médicos italianos, utilizando 1.800 cobaias, no qual se administrava aspartame às mesmas diariamente, constatou-se que um quarto das cobaias (450 cobaias) desenvolveu leucemia. Antes desse, num outro teste, filhotes de macaco consumiram aspartame no leite, 70% deles tiveram convulsões. Outro teste concluiu que o produto causou danos cerebrais em ratos de laboratório. Ainda assim, o aspartame tem sido introduzido em inúmeros alimentos livremente e com aprovação dos órgãos que deveriam zelar pela saúde das pessoas.
O que fazer?
A fim de combater adequadamente qualquer doença, é importante garantir que a dieta seja a mais correta. "Nós somos o que comemos", é uma máxima que pode ser aplicada não só aos ginásios, mas também aos hospitais. Um dos problemas mais comuns que se observa em pessoas que sofrem de Fibromialgia é a alteração profunda no funcionamento do seu sistema gástrico. A síndrome do intestino irritável é muito comum entre os pacientes com Fibromialgia e doenças auto-imunes.

Os efeitos nocivos dos aditivos alimentares tendem a acumular-se ao longo do tempo e manifestam-se já tarde demais. É importante evitar os aditivos alimentares tanto quanto possível, a fim de minimizar o risco de desenvolver Fibromialgia ou outra doença mais tarde na vida. É importante fazer mudanças significativas no estilo de vida, e uma das mais importantes é a dieta. Numa dieta saudável e equilibrada não há espaço para aditivos alimentares. Consuma mais verduras e legumes frescos, fruta fresca e de época, carne e peixe de boas origens, boas gorduras.

Para saber mais sobre alimentação paleo e como ela interfere positivamente na nossa saúde, veja aqui e aqui.

2 de agosto de 2017

Quando se recebe o diagnóstico de uma doença crónica

Estão a ver aquela sensação de sentir o chão a fugir debaixo dos pés? Pois, é isso que se sente quando se recebe (ou confirma) um diagnóstico de doença crónica, seja ela visível ou não, auto-imune, degenerativa, não importa. Naquele momento, recebemos uma sentença para a vida. Depois cabe a cada um, reagir da melhor forma possível.


Pessoalmente, quando recebi o diagnóstico de Fibromialgia, foi quase um alívio. Para mim, foi uma confirmação de que eu não estava a inventar e finalmente podia dar um nome à "coisa", a todos os sintomas que eu sentia. Já quando recebi o diagnóstico de uma e depois de outra doença auto-imune, já não senti grande alívio, vá. Se com a Fibro já era dose, com mais estes dois extras, digamos que...dispensava.

Felizmente e porque sou uma optimista por natureza, consegui aos poucos dar a volta e em vez de lamentar o copo meio vazio, agradeço que ela ainda esteja meio cheio. Há dias melhores que outros, mas com calma e perseverança, a coisa vai.

Visto de fora, e para quem não sente isto na pele, acha que é drama e que estamos a exagerar e a querer chamar a atenção, e que há doenças piores, e que o mundo não acaba e tudituditudo. Amigos..."pimenta no cu dos outros é refresco!" Só quem está do lado de dentro sabe avaliar o que estou a dizer.

A verdade é que, ao receber um diagnóstico destes, é preciso deixar para trás parte de nós parte, daquilo que fomos, parte daquilo que fizemos. Claro que vamos sempre a tempo a criar novas rotinas, novas histórias, mas aquilo que éramos "antes de", acabou...irrevogavelmente. E como em todas as situações de perda, é preciso levar a coisa por fases.

1 - Negação. Qualquer mudança ou perda nas nossas vidas leva a uma fase de negação. E tomar consciência de que temos uma doença crónica, não ajuda em nada. Na fase da negação, acreditamos mesmo que não nos vai afectar em nada e que "só damos a importância à doença se quisermos." Chegamos muitas vezes a ignorar conselhos de técnicos e/ou médicos, ou a tomar medicação, achando que temos tudo sob controlo. Tretas! Muitas pessoas aproveitam esta fase para se dedicar à informação sobre a doença de que foi diagnosticada e usam-na voltando a sua atenção para a cura.

2 - Raiva. O que muitas vezes interfere com a negação é a raiva - raiva de sermos a tal "uma em cada 10 000 ou 1000" a ter a doença. A raiva muitas vezes é direccionada para dentro, levando a que nos culpemos por termos a doença. A melhor forma de minimizar a raiva é tentar encontrar saídas. Escrever um diário, participar de reuniões com pessoas na mesma situação ou aderir a grupos com temáticas semelhantes, são formas de canalizar essa raiva. A raiva pode demorar mais ou menos tempo a passar, dependendo da forma como nos posicionamos perante a vida. No entanto, e por muito que não o queiramos assumir, fica sempre uma pontinha infimazinha canininha de raiva que teima em ficar agarrada.

3 - Medo. A raiva subjacente é o medo que vem com o diagnóstico de uma doença que não pode ser curada. Pessoas com doença crónica tendem a ver a vida de uma forma mais reduzida e sem cor. Param de fazer planos com muita antecedência ou fazem mudanças profundas nas suas vidas acreditando que terão pouco tempo (de qualidade) disponível para viver. O medo muitas vezes é exacerbado pela falta de informação sobre a doença. Mas o combate a essa doença começa precisamente com a informação. Quanto mais se aprende sobre ela, mais armas teremos para a enfrentar e sentimos que temos a coisa controlada.

4 - Tristeza. Os sentimentos de sofrimento e perda são comuns em doenças crónicas pois muitas vezes implicam restrições na vida que os outros não precisam de enfrentar e nem entendem. Isso pode significar, deixar de fazer algumas actividades que nos traziam grande prazer e que agora não as podemos executar. É preciso encontrar alternativas, mas até lá chegar, é todo um processo. O sofrimento perante a incapacidade de executar tarefas que antes eram banais, podem levar em alguns casos, ao isolamento. Concentrar-se em actividades que não são afectadas pela doença podem ajudar as pessoas a superar esses sentimentos. Aqueles que se recusam a pensar em si mesmos como "doentes" terão uma perspectiva mais positiva. Participar de um grupo de suporte também pode ajudar. Os grupos permitem que as pessoas conheçam outras pessoas com a mesma doença que ainda estão activas e cumprindo objectivos.

5 - Aceitação. Embora o aparecimento de uma doença crónica possa trazer bastante transtorno emocional, também vem acompanhado de sentimentos de realização pessoal e de força que acontecem quando nos conseguimos superar. O sucesso vem de várias formas, seja controlando a doença com pensamento positivo, medicação convencional ou alternativa, seja através da alimentação e percebemos que temos algum controlo quando sentimos que vamos precisando de menos medicação (ou nenhuma) e que conseguimos de alguma forma, encontrar momentos de felicidade. Com esses pequenos momentos, vem a confiança de que somos capazes de levar uma vida plena e gratificante, embora com alguns ajustes que a doença muitas vezes obriga. É frequente ouvirmos, de quem se vê perante algo imutável na sua vida, dizer que passa a ver a vida de outra forma. E é verdade. Pessoalmente passei a valorizar-ME (está propositadamente escrito em maiúsculas) e só a dar importância às coisas e pessoas que realmente interessam. Claro que é mais fácil dizer do que fazer, mas com o tempo, havemos de lá chegar.

O tempo que levamos a processar tudo isto e a atravessar as várias fases, depende do tipo de doença, dos seus sintomas, da forma como encaramos o mundo e a vida, das pessoas que nos rodeiam...mas depende essencialmente de querermos dar a volta. nem todas as pessoas passam por estas fases pela mesma ordem e acontece frequentemente entrar e sair das várias fases à medida que a saúde melhora ou não.

A fase em que nos encontramos nem é o mais importante. Importa é que nos aceitemos como somos e como estamos e que façamos o que fizermos, a doença estará sempre presente, de forma mais ou menos notória. Por isso, o melhor mesmo é viver um dia de cada vez, sem nos deixarmos perturbar por interferências que nos possam ser nefastas, pois enquanto estivermos vivos, temos de viver cada momento em consciência.

25 de julho de 2017

A dor na mulher e no homem - discrepância no reconhecimento e tratatamento

Não se trata de nenhum texto feminista, mas hoje tropecei num texto, que me levou a outro e mais outro e resolvi escrever sobre o assunto, em português. Já tive oportunidade de o dizer várias vezes que, de todos os técnicos e terapeutas pelos quais tive que passar, nunca fui menos bem tratada ou menosprezada, sobretudo pelo facto de ser mulher. Mas a verdade e a generalidade, infelizmente, nem sempre é assim.

Por brincadeira dizemos que os homens, se tal fosse possível, não suportariam as dores de parto. E que por norma, são mais "queixinhas" que as mulheres (repito, que isto não é um texto feminista) e que com uma simples constipação, estão com os pés virados para a cova. As mulheres por outro lado, são conhecidas por serem mais resistentes à dor. Mas será que isto não é uma faca de dois gumes? Ora, se por um lado, as mulheres são tidas como mais resistentes à dor, essa dor não deveria ser levada a sério? Ou será que por sermos mais resistentes, temos é que levar com ela e de cara alegre?


Existem diversos estudos que colocam a nu a diferença no tratamento da dor em doentes do sexo feminino e masculino. No estudo levado a cabo pelos professores de direito da Universidade de Maryland, Diane Hoffman e Anita Tarzian, "The girl who cried pain", juntaram mais de 100 estudos através dos Estados Unidos que demonstram a descriminação das mulheres aquando do tratamento recebido para combater as suas dores. Por exemplo, num estudo com doentes de cancro metastizado, as mulheres foram 5 vezes mais negligenciadas nos seus sintomas comparativamente aos homens. Num estudo com 366 doentes com SIDA, os homens receberam tratamentos mais adequados do que as mulheres. Num estudo sobre cirurgias abdominais, os médicos passaram menos analgésicos a mulheres do que a homens. Outro estudo, revela que enquanto que os homens são medicados com narcóticos para tratar as suas dores, as mulheres são medicadas com sedativos. Da mesma forma, as mesmas pesquisas demonstram que os pacientes do sexo masculino recebem constantemente mais tempo e atenção de profissionais médicos do que pacientes do sexo feminino com exactamente os mesmos sintomas. Num teste para examinar este preconceito de género conduzido por D. McDonald e R.G.Bridge em 'Estereótipos de género e cuidados de enfermagem', as enfermeiras receberam vinhetas com pacientes imaginários, listando os seus supostos sintomas e histórico médico. As enfermeiras foram então convidadas a calcular quanto tempo o paciente exigiria para tratamento e suporte emocional. Os pacientes do sexo masculino receberam consistentemente mais tempo, mesmo quando tiveram os mesmos sintomas e antecedentes que os pacientes do sexo feminino.

Histeria (do francês hystérie e este, do grego ὑστέρα, "útero"). O termo tem origem no termo médico grego hysterikos, que se referia a uma suposta condição médica peculiar a mulheres, causada por perturbações no útero, hystera em grego. O termo histeria foi utilizado por Hipócrates, que pensava que a causa da histeria fosse um movimento irregular de sangue do útero para o cérebro. Essa parece ser uma das razões da existência do equivoco de que as mulheres são mais emocionais, logo mais irracionais. Mas nos tempos modernos, onde a informação viaja à velocidade de um click, já é tempo que se mudem mentalidades.

Esses mesmos estudos demonstram que baseado nesse preconceito, nos hospitais, a dor nas mulheres é relativizada, as mulheres recebem menos tempo de tratamento e são alvos mais fáceis para diagnósticos errados, precisamente porque a sua dor é considerada como emocional. E isso acontece, mesmo depois de se provar que as suas dores têm razão de ser. Uma pesquisa levada a cabo por J. Crook e E. Tunks à qual deram o nome de "Women with Pain", confirma que as mulheres com condição de dor crónica têm mais probabilidades de serem mal diagnosticadas com perturbações mentais do que os homens, e são-lhes receitados mais drogas psicotrópicas, uma vez que os médicos relacionam os seus sintomas com histeria.

Esta confusão errada com a saúde mental acontece devido aos estereótipos sexistas de que as mulheres são "irracionais" ou "emocionais", o que significa que os médicos acham mais fácil acreditar que as expressões de dor das mulheres não têm base física. Por outro lado, os homens são vistos como mais racionais e quando dizem que estão a sentir dor aguda, os médicos tomam seus sintomas a sério como tendo uma causa física, em vez de assumir uma base emocional.

A divisão de género no diagnóstico traz sérias implicações no tratamento, o que significa que homens e mulheres recebem cuidados diferentes em hospitais pelas mesmas condições e sintomas. A pesquisadora Karen Calderone descobriu que quando homens e mulheres têm os mesmos sintomas, as mulheres são mais propensas a receber sedativos como tratamento, em vez de drogas para aliviar a dor. Isso sugere que elas são tidas como sendo mais "ansiosas" em detrimento da dor que realmente sentem e os médicos se concentram em canalizar as mulheres para um estado "calmo e racional" em vez de aliviar a sua dor real.

Isto comprova como a sociedade se sente desconfortável com as mulheres "emocionais" e procura inibir o seu comportamento caótico através da sedação, em vez de abordar a verdadeira causa da sua angústia. Significa que as mulheres ficam com dor severa por mais tempo do que os homens, pois os sedativos podem fazê-las parecer mais calmas do lado de fora, enquanto continuam a sentir a dor de forma aguda. Por essa razão ficam em desconforto extremo por períodos mais longos e podem demonstrar sintomas sérios relacionados a outras condições que podem passar despercebidos e não diagnosticados, pois estão demasiado dormentes e calmas para que os mesmos médicos possam lhes dar importância.

Outra tendência perturbadora nas pesquisas médicas, descobriu que em determinados casos, quanto mais atraente for a doente, menos tratamento ela recebe. No trabalho de pesquisa "Beautiful Faces in Pain", T. Hadjistravropoulos descobriu que devido ao estereotipo de que "o belo é mais saudável", os médicos subconscientemente assumem que pessoas que parecem "melhores" por fora, são mais saudáveis ​​e, posteriormente, exigem menos tratamento. Como o sexismo nas hierarquias de pessoal significa que os homens são mais propensos a ser os que ocupam posições seniores que tomam decisões sobre os pacientes e os homens são predominantemente heterossexuais, é possível subestimar a dor das mulheres devido a esse preconceito de "atractividade".

O mundo clínico há muito que se orgulha de proporcionar imparcialidade e objectividade em comparação com outras áreas da vida devido à dependência de factos objectivos e científicos. Mas a quantidade emergente de pesquisas nesse campo sugerem que o sexismo pode ser perpetuado em salas hospitalares e salas operacionais, tanto quanto em qualquer outro lado da sociedade e uma barreira real para as mulheres que procuram os cuidados de saúde.

Autora e professora na Northeastern University e também ela doente crónica, Laurie Edwards publicou um artigo no "The New York Times- The Gender Pain Gap", muitas vezes usado como referência neste tipo de tópicos. Nomeando várias pesquisas e estudos, a Dra. Edwards conclui que além de todos estes preconceitos, as mulheres que sofrem de Fibromialgia ou de Síndroma de Fadiga Crónica, ou de outros problema de saúde não visíveis e para os quais não há nenhum exame específico para o seu diagnóstico, ainda são mais descredibilizadas. Por inúmeros factores, os médicos apressam-se a diagnosticar uma mulher com Fibromialgia quando se depara perante um quadro menos claro de sintomas. É mais fácil "catalogar" com uma doença que apresenta sinais muitas vezes dúbios e/ou pouco consistentes, do que continuar a estudar o paciente que tem à sua frente e perceber o que de facto está errado na sua saúde. Por essa razão também, tem aumentado o cepticismo na legitimidade deste tipo de condições físicas. 

As pesquisas concluem que diferenças entre homens e mulheres existem na experiência da dor, com as mulheres a relatar e a sentir dores mais frequentes e mais intensas. No entanto, ao invés de receber um tratamento em conformidade ou pelo menos tão eficaz para a dor como acontece com os homens, as mulheres são mais propensas a serem menos bem tratadas do que os homens pelos seus sintomas dolorosos. O foco da medicina em factores objectivos e seus estereótipos culturais de mulheres combinam de forma insidiosa, deixando as mulheres em maior risco no alívio da dor e sofrimento contínuo. É urgente haver uma maior consciência entre os prestadores de cuidados de saúde, um reajuste da preocupação da medicina com factores objectivos através da educação sobre abordagens alternativas e o escrutínio por qualidade e revisores éticos dentro das instituições de saúde. A voz da mulher quanto ao tratamento da dor, deve ser ouvida tal qual ela é.

Fontes:

21 de julho de 2017

Sindroma das pernas inquietas e Fibromialgia

Quando se recebe o diagnóstico de Fibromialgia, em muitos casos, já não é surpresa. Pois quando o diagnóstico aparece, já "andamos na luta" há imenso tempo e estamos familiarizados com as dores e sintomas. Não é fácil escolher um sintoma que incomode mais que os outros porque entre todos os possíveis, venha o diabo e escolha. Hoje falamos da Síndroma das pernas inquietas (SPI).


 Até à data, posso dizer que ainda não me afectou (ou então ainda não dei conta!) Mas infelizmente, esta perturbação afecta muitos doentes fibromiálgicos. Mas afinal do que se trata? O que está na sua origem? E porque razão esta síndroma e fibromialgia estão tantas vezes relacionadas.

O que é?

Basicamente trata-se duma condição em que a pessoa sente uma vontade incontrolável de mexer constantemente as pernas. As pessoas que têm SPI muitas vezes sentem movimentos involuntários e repentinos nas pernas e não as conseguem controlar. Também podem sentir formigueiro ou dormência, ou uma sensação de agulhas a picar.

Este sintoma já seria difícil de gerir se acontecesse durante o dia, mas o grande problema aqui é que acontece quando a pessoa se deita e quer descansar. Como consequência, as pessoas que sofrem da SPI não conseguem ter uma boa noite de sono, com todas as implicações inerentes.

A privação crónica do sono pode trazer repercussões muito perigosas na saúde. Noites mal dormidas durante um longo período de tempo podem provocar outro tipo de problemas crónicos e graves, como diabetes, tensão arterial elevada, perturbações do sistema imunitário, assim como perturbações a nível cardíaco. Por essa razão, a SPI deve ser encarada como um problema de saúde muito sério.

Como se relaciona a síndrome das pernas inquietas e Fibromialgia?

Infelizmente, embora se saiba que SPI e Fibromialgia estejam ligados, ainda não se sabe bem como. Mas a melhor teoria agora é que ambas as condições têm algo a ver com o facto do cérebro enviar mensagens ao longo do sistema nervoso. O sistema nervoso percorre todo o corpo, transmitindo constantemente informações para o cérebro. Alguns desses sinais, como levantar o braço, por exemplo, podemos controlar. Outros, como a batida do coração, são feitos automaticamente. E o mais importante quando se trata de Fibromialgia, é que esses nervos registam a sensação de dor.

Mas às vezes esses sinais podem ser de tal forma baralhados que o cérebro começa a sentir dor sem qualquer causa óbvia. E pode ser isto que esteja por trás da SPI: sinais nervosos hiperactivos. E também pode desempenhar algum papel nos sintomas da Fibromialgia, o que explicaria por que mais de 60% das pessoas com Fibromialgia também possuem a SPI. Isto é apenas especulação. Não se sabe com certeza o que causa Fibromialgia ou SPI, e até que se possa, a teoria dos sinais nervosos defeituosos parece ser uma explicação plausível.

O facto é que é mais um ponto negativo para quem sofre com Fibromialgia. Além de todos os sintomas com os quais é preciso lidar e que já dificultam tanto o sono, muitos portadores de Fibro também têm que lidar com a SPI. E obviamente, isso faz com que dormir o suficiente seja uma actividade incrivelmente difícil. E a falta de sono, além do que já foi referido, também provoca outros sintomas, como o agravamento da neblina mental (fibro-fog).

O que fazer para melhorar a situação?

Na verdade, não há nenhum tratamento 100% eficaz para qualquer das condições, mas existem alguns ajustes simples que pode introduzir na sua rotina, que podem tornar os sintomas da SPI mais fáceis de gerir.

Para começar, certifique-se de praticar os melhores hábitos de sono possíveis. Evite a cafeína perto da hora de dormir. A cafeína é um estimulante e poderá intensificar os sintomas da SPI. 

Evite fumar, o que, além de todos os riscos para a saúde conhecidos, também é um poderoso estimulante e interfere seriamente com os seus padrões de sono.

Finalmente, tente mexer-se o máximo possível durante o dia. Obviamente que nem sempre é tarefa fácil quando se sofre com Fibromialgia. Não é preciso correr maratonas, mas tente apenas fazer um pouco de caminhada quando e se puder. Mesmo um pouco de exercício é melhor do que nada quando se trata da SPI.


20 de julho de 2017

Fibromialgia - o impacto da dor invisível

Segundo um inquérito levado a cabo no final do ano passado, pela National Fibromyalgia & Chronic Pain Association (EUA), mais de 70% dos doentes crónicos sentem que os outros não acreditam nas suas dores e 77% desses doentes vivem num medo permanente de não conseguirem aprender a viver com a dor crónica. 85% destes doentes sente que quem está do lado de fora, não reconhece o quanto as suas vidas estão limitadas pela dor constante e permanente.


Quem está de fora, não sabe sequer avaliar como é viver com dor todo o dia...todos os dias. Não que a opinião dos outros deva afectar-nos, mas é frequente, mesmo vindo de familiares chegados e que nos amam, recebermos olhares condescendentes, do género "ok, tens dores, mas ninguém tem dores todos os dias, 24h por dia!" Pois ninguém devia ter, mas tem...infelizmente! Começa a ser cliché e quase piada interna entre doentes de dor crónica, o célebre comentário "mas eu também tenho dores e tenho que aguentar!" (ou outros comentários engraçados assim...) E ao contrário do que os outros pensam, não somos fracos por sentirmos dores constantemente, somos sim, muito fortes porque tentamos levar uma vida minimamente normal (reforço aqui o "minimamente")!

Segundo o presidente da NFCPA, o impacto na vida destes doentes é real e é uma verdadeira crise de saúde pública. A dor crónica não pode ser ignorada e neste momento torna-se crucial o reconhecimento desta condição e encontrar soluções de alívio tornam-se vitalmente necessárias. E é uma pena que estes doentes ainda sejam tão mal-tratados pelos seus próximos, mas mais chocante se torna ainda, quando além de não serem reconhecidos, ainda são menosprezados pela classe médica. Aqueles que fizeram o juramento de Hipócrates, são os primeiros a virar as costas a estas pessoas fragilizadas. Claro que, na perspectiva dos familiares destes doentes, se os próprios médicos não reconhecem esta condição clínica, é porque não é real, e rapidamente se enquadram estas situações em quadros psiquiátricos mal resolvidos. 

A NFCPA, uma comunidade mundial que apoia pessoas que sofrem de Fibromialgia e de outras patologias em que a dor crónica está muito presente, concentra os seus esforços na erradicação da estigmatização que estes doentes sofrem, assim como de lutar contra os entraves a tratamentos a que estes estão sujeitos. É pena que este tipo de associações ainda sejam quase inexistentes, o que reflecte bem a importância que estes doentes têm na sociedade real. Apesar de toda a evolução da raça humana e em pleno séc. XXI, onde a informação circula a velocidades vertiginosas, ainda exista tanto preconceito para com algo que não se vê. Lamentável que este tipo de doentes seja catalogado de preguiçoso, sem ambição, ou pior ainda, que gosta de chamar a atenção quando aquilo que mais querem é tão só serem reconhecidos como doentes mas sobretudo que respeitem a sua dor.


Os custos sociais provocados pela dor crónica, afectam não só a pessoa em questão, mas também familiares e amigos próximos. Viver com dor constante faz com que tudo tenha outra perspectiva e os reflexos no seu dia a dia são irreversíveis. Familiares chegados de doentes com dor crónica sentem frequentemente que a sua relação mudou drasticamente com os seus entes queridos, uma vez que este situação tem um efeito de bola de neve: a dor sentida pelo doente faz com que a sua qualidade de vida seja seriamente comprometida, o que se vai reflectir na sua relação com os outros, tanto física como emocional. Por seu lado, os níveis de tolerância de ambas as partes acabam por diminuir pouco a pouco e a situação torna-se difícil de gerir e muitas vezes, desvia para situações dramáticas e irreversíveis.

Não é preciso sentir pena de um doente com dor crónica, mas talvez fosse um bom exercício colocar-se no lugar do outro, nem que seja por umas horas. Basta imaginar o que seria da sua vida, levantar e deitar todos os dias (para o resto da sua vida) com uma sensação de gripe atroz, junte também um calor e sensibilidade cutânea como se tivesse um escaldão por todo o corpo, e já agora, acrescente também um vazio constante a nível cerebral. Um doente com dor crónica não deseja mal a ninguém, apenas quer reconhecimento e respeito pelo seu estado de saúde.

"Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente." - William Shakespeare

Fonte

17 de julho de 2017

Ignorar é uma arte

"Certo dia, um homem aproximou-se de Buda e, sem sequer lhe dirigir a palavra, cuspiu-lhe na cara, provocando a ira dos seus discípulos. Ananda, o seu mais fervoroso discípulo, pediu a Buda:
- Permita-me dar a este homem o que ele merece!"
- Não, eu vou falar com ele!
E juntando as mãos, em sinal de respeito, disse ao homem:
- Obrigado. Com o seu gesto, pude verificar que a ira me abandonou. Sou-vos extremamente grato. O seu gesto mostrou-me igualmente que Ananda e os outros discípulos ainda se deixam levar pela ira. Muito obrigado.
O homem nem queria acreditar no que estava a acontecer e ficou incrédulo e comovido.

Esta parábola mostra-nos que o significado exacto da palavra "ignorar" muitas vezes tem um significado negativo e nos pode fazer sentir mal por ignorar o outro. "Ignorar" é simplesmente não permitir que as palavras, atitudes e comportamentos prejudiciais dos outros possam alterar o nosso equilíbrio interior. Não é necessário o uso de uma violência velada ou fazer o mal, basta criar uma camada protectora à nossa volta. É aprender a ignorar certas pessoas em certos momentos.  Ignorar não é uma forma de vingança ou uma maneira de incutir na outra um sentido menor, é apenas uma maneira de se proteger.


O que os outros pensam de nós, assim como as relações interpessoais, são uma grande fonte de satisfação e felicidade. Mas também podem ser motivo de insatisfação e descontentamento. Não nos deveria surpreender, uma vez que todos os fenómenos com os quais lidamos, têm geralmente duas faces, e geralmente são antagónicas. Só depende de nós, que lado nos deixamos que nos afecte.
Por isso, uma das chaves para a felicidade é aprender a ignorar o comportamento das palavras, atitudes e de muitas pessoas.

Aprender a ignorar é um processo que requer alguma prática o e uma profunda mudança de atitude. Embora possa parecer contra-intuitivo ignorar, na verdade, não é necessário para bloquear, mas sim o oposto: completamente aberto para o mundo. Uma técnica simples e muito poderosa é conseguir a "aceitação radical".

Esta técnica é parte da terapia comportamental dialéctica, desenvolvida pela psicóloga da Universidade de Washington Marsha Linehan, e centra-se na melhoria das competências de regulação emocional como a tolerância à ansiedade e atenção, encontrada nos fundamentos da filosofia budista.

Aceitação radical significa aceitar algo completamente sem julgar. Na prática, muitas coisas que os outros dizem, irrita-nos e desequilibra-nos porque não correspondem às nossas expectativas, porque de alguma forma nos recusamos a aceitar essas palavras, atitudes ou comportamentos. A negação é a chama que alimenta a frustração, ressentimento, ódio ou tristeza. Quando se pratica a aceitação radical, simplesmente assume-se que aconteceu, sem entrar em juízos de valor. Supondo uma distância psicológica, criamos um escudo à nossa volta que nos dá a oportunidade de responder às situações da melhor forma possível e sem nos deixar qualquer marca emocional.

7 de junho de 2017

Depressão

É natural sentir-se em baixo de vez em quando, mas se essa falta de ânimo persistir dia após dia, pode estar a caminho de uma depressão. A depressão é um episódio de tristeza ou apatia junto com outros sintomas, que dura pelo menos duas semanas consecutivas e é severo o suficiente para interferir com as actividades diárias. Depressão não é sinal de fraqueza ou personalidade negativa. É um problema de saúde pública significativo e uma condição médica com tratamento. E quando já se está num quadro de doença crónica, em que muitas vezes os doentes não são entendidos pelos próprios médicos e/ou familiares, a desilusão e tristeza podem facilmente encaminhar para uma depressão.


Os principais sintomas de depressão caracterizam-se por uma tristeza constante e / ou perda de interesse na vida. Actividades que antes eram prazerosas, perdem o sentido. Os pacientes também podem ser assombrados por uma sensação de culpa ou inutilidade, falta de esperança e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

A depressão também está muitas vezes ligada a sintomas físicos. Esses incluem:
- Fadiga e energia diminuída
- Insónia
- Excesso de sono
- Dores difusas persistentes, dor de cabeça, cólicas ou problemas digestivos
- Alterações no apetite ou no peso
- Dificuldade em se concentrar e tomar decisões
- Manifestar atitudes demasiado passivas ou agressivas

Qualquer um pode ficar deprimido, mas muitos especialistas acreditam que a genética desempenha um papel com algum peso. Ter um pai ou irmão com depressão aumenta o risco de desenvolver o transtorno. As mulheres são duas vezes mais propensas que os homens a ficar deprimidas.


Os médicos não tem certeza do que causa depressão, mas uma teoria proeminente é a estrutura cerebral alterada e a sua função química. Os circuitos cerebrais que regulam o humor podem funcionar de forma menos eficiente durante a depressão. Acredita-se que as drogas que tratam a depressão, melhoram a comunicação entre as células nervosas, fazendo com que elas funcionem de forma mais normal. Os especialistas também pensam que o stress - como a perda de um ente querido - possa desencadear a depressão, mas é preciso que seja biologicamente propenso a desenvolver a desordem. Outros gatilhos podem incluir certos medicamentos, álcool ou abuso de substâncias, alterações hormonais ou mesmo mudanças de estação e climatéricas.


Se o seu humor coincide com a mudança de estação - ensolarado e alegre no verão, sombrio e triste no inverno - pode ter uma forma de depressão chamada transtorno afectivo sazonal. O início do transtorno geralmente ocorre no final do outono e no início do inverno, à medida que o horário de verão diminui. Os especialistas dizem que este tipo de depressão afecta entre 3% a 20% da população, dependendo do local onde vivem. A terapia de luz mostrou ser eficaz no tratamento eficaz neste tipo de depressão. Envolve sentar-se na frente de uma caixa de luz especialmente projectada para o efeito, e que fornece luz brilhante ou fraca por uma quantidade de tempo prescrita a cada dia. A terapia de luz pode ser usada em conjunto com outros tratamentos.

Até ao momento, não há nenhum teste de laboratório para diagnosticar a depressão. Para fazer um diagnóstico preciso, os médicos confiam na descrição do paciente dos sintomas. Ser-lhe-ão feitas perguntas sobre sua história clínica e uso de medicamentos, pois estes podem contribuir para activar os sintomas de depressão. Discutir modos, comportamentos e actividades diárias pode ajudar a revelar a gravidade e o tipo de depressão. Este é um passo crítico na determinação do tratamento mais efectivo.

Estudos sugerem que diferentes tipos de terapia oral podem combater a depressão leve a moderada. A terapia comportamental cognitiva visa mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para a depressão. A terapia interpessoal identifica como os seus relacionamentos influenciam seu humor. A psicoterapia psicodinâmica ajuda as pessoas a entenderem como o seu comportamento e humor são afectados por problemas não resolvidos e sentimentos inconscientes. Para alguns pacientes, algumas semanas ou meses de terapia serão suficientes, mas para outros precisam de manter a terapia a longo prazo.

A pesquisa sugere que o exercício é uma arma potente contra depressão leve a moderada. A actividade física liberta endorfinas que podem ajudar a impulsionar o humor. O exercício regular também está ligado a uma maior auto-estima, melhor sono, menos stress e mais energia. Qualquer tipo de actividade moderada, pode ajudar. Escolha alguma com a qual se identifica mais e aponte para 20 a 30 minutos quatro ou cinco vezes por semana



Ter um animal de companhia também se tem revelado muito positivo na recuperação de doentes depressivos. Pesquisadores dizem que animais de estimação podem aliviar os sintomas de depressão leve a moderada em muitas pessoas. Os animais de estimação oferecem amor incondicional, aliviam a solidão e dão aos pacientes uma sensação de propósito. Estudos descobriram que os donos de animais de estimação têm menos problemas para dormir e uma melhor saúde geral.


Como a solidão anda de mãos dadas com a depressão, o desenvolvimento de uma rede de apoio social pode ser uma parte importante no tratamento. Isso pode incluir juntar-se a um grupo de suporte, encontrar uma comunidade de suporte on-line ou fazer um esforço genuíno para ver amigos e familiares com mais frequência. Mesmo juntar-se a um clube de livros ou a ter aulas na sua academia pode ajudá-lo a conectar-se com pessoas com mais regularidade.

No meio de uma depressão maior, é natural sentir-se desesperado e desamparado. Mas o facto é que esta condição é altamente tratável. Mais de 80% das pessoas melhoram com medicação, terapia oral ou uma combinação dos dois. Mesmo quando essas terapias não ajudam, existem sempre tratamentos complementares.

Sem tratamento, a turbulência física e emocional provocada pela depressão pode interferir com carreiras profissionais, passatempos e relacionamentos. Em casos graves, a depressão pode tornar-se fatal pois uma pessoa muito deprimida pode mesmo tentar o suicídio.

4 de junho de 2017

Fibromialgia e formigueiro, o sintoma irritante!

A Fibromialgia, para quem a sente, manifesta-se através de um sem número de sintomas diferentes. Mas qual será o mais incomodativo? Será a dor constante? A fadiga que nos incapacita para desempenhar as tarefas mais básicas? Ou será o fibro-fog que nos deixa passar vergonhas nas situações mais inusitadas? Mas entre todos para mim há um que se destaca e que me incomoda mais do que os outros todos...o formigueiro!


Para mim, é dos sintomas com os quais tenho mais dificuldade em lidar. E chega a ser desesperante. Tanto posso ter uma sensação de bichos a andar pela pele, como pode ser uma sensação de cabelo agarrado à roupa e a picar a pele, só que...sem o cabelo! Para quem está fora disto, parece uma coisa engraçada, mas acreditem, não é! Porque uma dor, ainda consigo gerir, o cansaço também nem que seja descansando um pouco durante um curto período de tempo, mas isto, não há nada que alivie.

Descanso um pouco quando vejo que não há cá bicho nenhum a entreter-se na minha pele, mas, então, se não são bichos reais, o que é que se está a passar? Este tipo de sintoma é frequentemente relatado em pessoas com problemas de saúde mental ou que abusem de substâncias (particularmente metanfetaminas). Significa que realmente algo se passa com o cérebro. É a chamada alucinação táctil que advém de alterações da nossa sensopercepção (ler aqui).

O que ainda não se sabe é a razão pela qual o nosso cérebro nos prega estas partidas. Essencialmente, o cérebro regista a sensação de algo a rastejar sobre ou sob a pele, quando isso na verdade não está a acontecer. Portanto, é o sistema nervoso, que determina que algo está a tocar na pele e envia essa informação para o cérebro, sem sinais de influência externa de que isso esteja realmente a acontecer. E até ver, não se sabe porque é que isto acontece.

O que se sabe é que este tipo de formigueiro pode ser um problema grave. As pessoas que sofrem com isto, acabam por se arranhar com frequência e chegam a provocar lesões graves, dependendo do seu desespero. E mais uma vez, não se sabe porque razão este sintoma está em tantos casos ligados a doentes com Fibromialgia, mas sabe-se que está ligado ao sistema nervoso.

Os doentes fibromiálgicos sofrem de várias perturbações ligadas ao sistema nervoso central, como por exemplo a síndroma do intestino irritável. Uma vez que existe uma ligação clara entre os diferentes distúrbios do sistema nervoso central e a Fibromialgia, parece que a dor sentida pode ter origem nos nervos. Normalmente, o sistema nervoso envia sinais para o cérebro, que, por sua vez, interpreta esses sinais. Por exemplo, ao tocar um fogão quente, os seus nervos enviam um sinal de que as pontas dos seus dedos estão a queimar, o que cérebro então interpreta como dor ocorrendo na ponta dos dedos. É assim que nosso corpo nos protege dos traumatismos, fazendo-nos querer tirar as mãos do fogão quente. Mas numa com Fibromialgia, esses sinais de dor estão são enviados para o cérebro sem qualquer causa óbvia. O cérebro simplesmente regista dor que não existe. Pelas mesmas razões, e nos casos de formigueiros em doentes de Fibromialgia, esses mesmos caminhos neurais defeituosos registam uma sensação de insectos não existentes na sua pele.

É portanto mais que provável que, doentes com Fibromialgia enfrentem distúrbios do sistema nervoso simpático (aqui), como neste caso os formigueiros, precisamente devido a essas falhas do sistema nervoso. Até ver, ainda não certezas e não há explicação mais precisa sobre o assunto, mas tudo parece caminhar nesse sentido.

Fonte:

31 de maio de 2017

Dor crónica e exercício físico

Quem sofre de dor crónica não tem uma vida fácil, porque ao contrário do que os "restantes mortais" possam dizer, temos mesmo dores constantes e persistentes. Por isso se chama de "DOR CRÓNICA!"

Pessoalmente o que me alivia é o exercício físico. Quando digo exercício físico não quer dizer que calce os ténis e desate a correr atrás do autocarro. Exercício físico pode ser simplesmente, fazer alongamentos, por exemplo. E tento quase todos os dias fazer um pouco de caminhada mas devidamente equipada (ver aqui). O meu problema, e penso que o problema da maior parte das pessoas com doença crónica, é saber até vai o nosso limite. Os "normais" (por normais, refiro-me aos não-doentes crónicos) poderão dizer "então mas é fácil perceber o limite! O limite é quando estás cansada!" Er...não!

Sabemos que o exercício físico é um excelente contributo para manter a qualidade de vida do doente crónico. Mas se por um lado o exercício pode ajudar no alívio da dor, por outro lado e ainda não percebi como nem porquê, há dias em que o exercício provoca o efeito adverso. Às vezes, insistir e dar "aquele" passo a mais, pode ser sinónimo de despoletar mais uma crise. Poderia assegurar os mais novatos dizendo que com o tempo consegue-se perceber, mas mais uma vez não trago boas notícias. O nosso corpo nunca reage da mesma forma aos mesmos estímulos e nas mesmas situações.

Então como perceber até onde se pode ir? Ou melhor, qual o limite de exercício para um doente crónico? A maioria dos médicos e terapeutas é unânime em recomendar a prática de exercício físico sobretudo a doente crónico. Certíssimo, mas dentro de algumas recomendações.

Se está a começar, o melhor é mesmo ir com calma. Tentar não perder o fôlego enquanto se exercita, é um bom ponto de partida. Uma das dicas que a reumatologista me deu foi, ao fazer o meu exercício, neste caso a caminhada, e indo com companhia, ser capaz de caminhar a um ritmo que me permitisse conversar ao mesmo tempo. E tem funcionado. Sempre que estico um pouco a corda, começo a dar-me conta de que vou deixando de conseguir falar. Aí a solução é mesmo abrandar até conseguir recuperar um pouco, mas não usar isso como desculpa para parar, tá?

Segundo os entendidos, ideal seria manter o ritmo cardíaco em cerca de 50 a 85% mais rápido do que o normal. Será um pouco acima da taxa de repouso, mas não será suficiente para desencadear um ataque de dores para a maioria das pessoas.

Outra dica interessante é, se der consigo a pensar que talvez esteja a abusar um pouco da sorte, provavelmente estará. O nosso subconsciente, apesar de muitas vezes não lhes darmos ouvidos, está lá para nos alertar. O meu, coitado tem sido muito maltratado porque sempre que ele me diz que talvez fosse boa ideia parar, eu armo-me em expert e continuo (maldito mau feito de não gostar de dar parte fraca!), até que no dia seguinte concluo sempre que afinal mais uma vez, o meu subconsciente tinha razão.



Actividades físicas indicadas para doentes crónicos:

- Alongamentos. O melhor e mais fácil que pode fazer por si é esticar-se. Já experimentou acordar e espreguiçar-se? Há quanto tempo não faz isso? O alongamento regular torna o tecido muscular mais flexível e saudável, o que pode reduzir a quantidade de dor que sente. E também ajuda a mover o sangue para os músculos, o que pode reduzir a dor e a rigidez que sente durante uma crise. tente adicionar os alongamentos à sua actividade física diária.

- Caminhadas. Não é preciso correr maratona, mas uma caminhada diária de 30 minutos 5 vezes por semana já trará benefícios. Será o suficiente para aumentar sua saúde cardiovascular, diminuir a pressão arterial e reduzir sua dor e rigidez articular e muscular. Eu tento sempre andar o máximo possível a pé, em vez de usar os transportes públicos. E 3 ou 4 vezes por semana faço a minha marcha nórdica (já coloquei o link lá mais acima) e faço no mínimo 6 kms (em dias mtooo bons, posso fazer 10)

- Hidroginástica. Exercitar-se numa piscina é realmente um bom exercício para pessoas com fibromialgia e dor crónica. Tem um menor impacto nas suas articulações do que correr ou andar, o que pode ajudá-lo a evitar ficar dorida(o) em pontos sensíveis. Também ajuda a aumentar a frequência cardíaca o suficiente para ser eficaz em dar-lhe todos os benefícios do exercício.

- Levantamento de pesos leves. Só a ideia de levantar pesos tendo dores, pode arrepiar qualquer um. Mas mais uma vez, a ideia não é fazer competição internacional. Comece com pesos baixos e lentamente faça o seu caminho até o corpo permitir. Um treino de pesos adequado pode realmente ter um impacto significativo no nível de dor de fibromialgia. Promove o fluxo de sangue para ajudar a regenerar os músculos e fortalece-os para lidar melhor com a dor no futuro.

- Pilates. Alguns dos benefícios gerais do método de Pilates é melhorar a flexibilidade do corpo e a saúde em geral, com ênfase no tronco, força, postura e coordenação da respiração com movimento, resistência muscular. abdominal e equilíbrio estático e dinâmico.

- Yoga. O yoga é uma óptima combinação de treino de força e alongamento, o que torna um excelente exercício para a fibromialgia pois fortalece os músculos e ajuda a promover o bom fluxo sanguíneo, o que reduz a dor. E os praticantes de ioga muitas vezes adicionam meditação ao exercício, que é conhecido por ser benéfico para lidar com crises de fibromialgia. Por ser um exercício de baixo impacto nas articulações, não levará a que se exercite demais e a desencadear um ataque de dor.

Não importa o tipo de exercício que escolha, importante é ouvir seu corpo e levar as coisas de forma lenta. Não se empenhe demais, ou corre o risco de piorar as coisas. E não se sinta na obrigação de manter ou atingir um nível que mantinha antes do seu diagnóstico ou de tentar acompanhar o ritmo dos seus amigos. Trabalhe a um ritmo que seja bom para si e não piora a sua dor.

O importante é que, independentemente do que escolher, mexa-se. Nem que seja um pouco de exercício moderado, pode fazer uma grande diferença na quantidade de dor que sente. A primeira reação de quando se sente dor é rastejar para a cama até que vá embora, mas forçar-se a exercitar nem que seja um pouquinho canininho, a fará desaparecer muito mais rápido. E lembre-se que tão ou mais importante do que decidir que tipo de actividade praticar, é mesmo decidir fazê-lo!

E finalmente, porque não somos todos iguais, que tipo de exercícios praticam?
O que vos alivia?
O que fazem fisicamente para reagir ou contrariar a dor?